O índice de Ginni, que mede a desigualdade social ( qualifica numericamente a desigualdade social entre 0 e 1, quanto maior a aproximação de zero maior a homogeneidade da distribuição de renda de um país, e maior a heterogeneidade quando aproximado de 1), que aponta o Brasil como um dos países com maior disparidade no quesito distribuição de renda, tem agora mais um caso bastante ilustrativo.
http://tv.terra.com.br/jornaldoterra/interna/0,,OI54622-EI1040,00.htmlEspecial
Sexta, 3 de junho de 2005, 15h42
Favela tem que trabalhar 1 mês para comprar 2 jeans na Daslu
02m56s
Silvia Ribeiro/Do TerraDireto de São Paulo Só para comprar duas calças jeans à venda na Daslu, o shopping mais luxuoso de São Paulo a ser inaugurado no início de junho, a favela Coliseu teria de trabalhar um mês inteiro. Segundo dados do Censo 2000 do IBGE, corrigidos pelo INPC, a renda mensal dessa comunidade pobre é de R$ 10.725, o equivalente a duas calças jeans Dolce & Gabbana que custam R$ 4.920. Tamanha desigualdade é separada apenas por um muro. "Esse muro separa o luxo do lixo. É um muro de Berlim para nós aqui. Rico de lá e pobre de cá", define o catador de papel José Gouveia da Silva, morador da favela. Do lado da favela, muito lixo entulhado, péssimas condições de saneamento e barracos infestados de cupins. Do outro, as grifes mais caras do mundo. "Aqui dentro a gente se sente cada vez mais pequeno. A gente sonha muito poder entrar lá dentro", diz a moradora da favela Marisete dos Santos. A renda total da família dela é de R$ 140 por mês. Para ter um par de tênis Chanel, de R$ 2.060, teria de trabalhar mais de um ano. Os moradores pedem que a Daslu ajude a favela. Empregos e projetos sociais para as crianças são as propostas. Procurada pelo Jornal do Terra, a boutique preferiu não se manifestar. Disse apenas que possui uma creche que abriga filhos de funcionários. Por enquanto, as crianças da Favela Coliseu improvisam brincadeiras no terreno de terra batida que serve como área de lazer da comunidade.