quinta-feira, dezembro 25, 2003

Mais um ano?

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação; tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra frente, tudo vai
ser diferente."
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

quinta-feira, dezembro 18, 2003

O último capí­tulo de: A Caverna do Dragão

Nesse caso podemos dizer que o lado comercial ( keep selling) teve uma ajudinha do mundo bonitinho de contos de fada ( sem coisas tristes )_ o qual muitas crianças são criadas_ para que não fosse exibido o último capí­tulo!

Conheça agora o final do desenho Caverna do Dragão:
Caverna do Dragão - Dungeons and Dragons



História: Caverna do Dragão, ou Dungeons and Dragons, foi um desenho animado criado em 1983, nos Estados Unidos, baseado no RPG de mesmo nome, que fazia muito sucesso na época. O público americano adorou a idéia e a história se repetiu aqui no Brasil quando a Rede Globo de Televisão passou a exibir os episódios nas manhãs de Domingo. Apesar do grande sucesso, a série só teve três temporadas e foi deixada de lado sem explicação.

Enredo: Durante um passeio no novo parque de diversões da cidade um grupo de crianças resolve entrar em um novo brinquedo chamado Caverna do Dragão (Dungeons and Dragons), uma espécie de trem fantasma. O problema é que o brinquedo é na verdade uma passagem interdimensional que leva os garotos a um mundo onde existem guerreiros, dragões, magos, etc.
Chegando lá eles são recepcionados pelo Mestre dos Magos (Dungeon Master) que os ajuda, entregando armas mágicas para que eles se defendessem dos muitos perigos do local, como o Vingador e Tiamat. A série gira em torno da busca do "caminho para casa" pelos heróis. Aí­ existem dois problemas: eles teriam que deixar Uni, a unicórnio de Bob, e todas as armas mágicas para trás. Não poderiam levá-los para a Terra.

Fique por dentro:
O desenho Caverna do Dragão começou no dia 17 de setembro de 1983, quando a CBS exibiu o episódio Night of No Tomorrow traduzido no Brasil como Merlin, o mago, que foi a premiere do seriado. A partir daí a TSR e a Marvel Productions produziram mais 26 episódios; A Rede Globo de Televisão voltou a exibir o desenho nas manhãs da Angélica.



Caverna do Dragão - ÚLTIMO EPISÓDIO

Isso é para quem assistia da Caverna do Dragão, curtam a verdadeira história e o final emocionante. "É muito triste e real, o que vou contar a seguir, espero que todos já estejam preparados para a verdade sobre aquele desenho que marcou a nossa geração. Bom, "A Caverna do Dragão" era escrito por um grupo de jogadores de RPG (no caso, Dungeons & Dragons), que depois de cada jogo escreviam a sua aventura e a transformavam em roteiro para desenho que era vendido para uma produtora. Só que, como todo jogo de RPG, demora, mas uma hora termina. Pois muito bem, por que essa produtora não comprou o final do desenho? Sem dúvida era bem interessante que não houvesse final já que assim ela poderia continuar explorando a série, mas não foi o que aconteceu... eles não continuaram produzindo outros roteiros e nem aproveitaram para ganhar um dinheiro extra no último capí­tulo da caverna, o que teria sem dúvida um público infanto-juvenil recorde. O final, meus amigos, não foi produzido pois ele é no mí­nimo cruel!"
Muito bem, vamos ao final verdadeiro e sem anestesia, da "Caverna do Dragão":
"Na última aventura aquele dragão de sete cabeças (Diamat) conta a verdade e depois eles a comprovam. O dragão conta que nunca mais eles voltarão para a Terra. Nunca porque quando eles estavam descendo naquele carrinho da montanha russa eles não entraram em outra dimensão. O carrinho caiu... e eles morreram.


Por isso não podem voltar, porque estão mortos. E lá é o inferno! Como nenhum deles era bonzinho na vida real, eles foram parar no inferno depois que morreram na queda do carrinho e o demônio resolveu brincar com eles. Cruel e sádico, o demônio Às vezes aparecia de Vingador e às vezes (pasmem!!!) de Mestre dos Magos. Os dois na verdade eram a mesma pessoa: o Demônio, sádico, jogando e brincando com os novos moradores do seu império! Podem reparar: sempre que estavam conseguindo sair, o Mestre dos Magos aparecia, e dava alguma informaçãozinha e depois? Sumia, e os deixava sem saber o que fazer. Por causa dessa brincadeira, um anjo foi enviado com a missão de tentar fazer com que eles descubram a verdade. Porém, ele não podia simplesmente entrar no inferno, precisava de um disfarce. E entrou como um dragão, o Diamat. Porém após diversas tentativas, acaba por revelar a verdade, no último episódio. Não precisa esforçar a memória para lembrar quantas vezes eles estavam encurralados pelo Vingador, prontos pra se ferrar, e o dragão apareceu, para brigar com Vingador, e dando tempo para eles fugirem. Mas o demônio tinha um capeta que o auxiliava neste trabalho. Alguém que sempre os impedia de voltar (ou seja, descobrir que não havia como voltar): Uni, a pequena unicórnio. Ela era, na verdade, um enviado do demônio que os acompanhava todo o tempo para atrapalhá-los e brincar com os seus sentimentos. Todo mundo lembra de quantas vezes eles não "saí­ram" por causa daquela unicórnio. Quando estavam prontos pra descobrir a verdade, ela ficava para trás e eles voltavam para ajudá-la, se afastando novamente da "saÃída". Nunca mais eles voltarão e viverão para sempre naquele Inferno. Essa é a verdade revelada pelo Mestre desse jogo de Dungeons e Dragons oficialmente.


Mosanto

MONSANTO VEICULA PROPAGANDA ENGANOSA SOBRE TRANSGÊNICOS


"Imagine um mundo que preserve a natureza, o ar, os rios.
Onde a gente possa produzir mais com menos agrotóxicos,
sem desmatar as florestas.
Imagine um mundo com mais alimentos e os alimentos mais
nutritivos e as pessoas com mais saúde.
Já pensou? Ah, mas você nunca imaginou que os
transgênicos podem ajudar a gente nisso.
Você já pensou num mundo melhor?
Você pensa como a gente.
Uma iniciativa Monsanto com apoio da Associação Brasileira
de Nutrologia".

A Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos vem a público manifestar seu
repúdio à publicidade que vem sendo veiculada pela empresa Monsanto na TV,
em rádios e na imprensa escrita. Numa abordagem "emocional", a campanha
publicitária busca aproximar o público formador de opinião do tema da
biotecnologia e dos transgênicos estabelecendo uma relação inexistente dos
transgênicos com a conservação do meio ambiente.

O comercial tenta levar o consumidor a acreditar que a segurança alimentar
e ambiental dos produtos transgênicos já está mais do que comprovada,
citando benefícios que a biotecnologia poderia proporcionar.

O anúncio começa insinuando que os transgênicos poderiam ajudar a "
preservar a natureza, o ar e os rios".

É importante que se esclareça que existem apenas dois "tipos" de plantas
transgênicas sendo produzidas comercialmente hoje em dia.

As primeiras, que somam 75% das plantas transgên icas produzidas
mundialmente, ap resentam a característica de serem resistentes a
herbicidas (agrotóxicos específicos para matar mato). Ou seja, se antes o
agricultor utilizava o agrotóxico com cuidado, sob risco de prejudicar a
própria lavoura, com esses cultivos ele pode pulverizar o produto à vontade
sobre a lavoura que todas as plantas morrerão, salvo as transgênicas. Notem
que a Monsanto, que desenvolveu estas sementes transgênicas, é também quem
produz o herbicida ao qual elas resistem.

O segundo tipo, que concentra 17% dos transgênicos produzidos atualmente,
são as chamadas plantas inseticidas (ou Bt), que receberam genes de uma
bactéria do solo e passaram a produzir toxinas inseticidas. Quando o inseto
se alimenta de qualquer parte da planta Bt, ele morre.

Os 8% restantes dos transgênicos combinam as duas características citadas
acima: resistência a herbicidas e propriedades inseticidas.

Até o presente momento, não se observou nenhuma relação de benefício das
plantas resistentes a herbicidas ou das plantas inse ticidas (Bt) sobre a
natureza, o ar ou os rios.

Pelo contrário, as plantas resistentes a herbicidas têm consumido maiores
quantidades de herbicida do que as convencionais, contaminando mais os
rios, o solo, os animais, os agricultores e os consumidores, enquanto nas
plantas Bt a diminuição do uso de agrotóxicos se anula em poucos anos
(Benbrook, 2003). Paralelamente, têm-se verificado que as plantas Bt podem
prejudicar insetos benéficos, afetando o equilíbrio ambiental (Losey, 1999;
Hansen e Obrycki, 1999).

A propaganda segue insinuando que com os transgênicos se "possa produzir
mais com menos agrotóxicos, sem desmatar as florestas".

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos vêm demonstrando que a soja
transgênica resistente a herbicida tem produtividade entre 5 e 10% menor do
que a soja convencional (Elmore et al., 2001 e Benbrook, 2001a). Nas outras
culturas transgênic as, o saldo de produtividade tem sido menor ou igual ao
das plantas convencionais (Fulton e Keyowsk i, 1999; Benbrook, 2002,
www.iatp.org; Shoemaker, 2001).

E conforme acabamos de citar, não se nota diminuição no uso de agrotóxicos
nestas lavouras. Também é relevante observar que nos últimos anos o consumo
de glifosato (princípio ativo do herbicida Roundup) no Rio Grande do Sul
quase triplicou -- justamente no período em que se alastrou o cultivo
ilegal da soja transgênica naquele estado (1998 a 2001, dados do IBAMA)..

É igualmente inaceitável a afirmação de que os alimentos transgênicos
contribuem para a diminuição do desmatamento. As culturas transgênicas
existentes no mercado (soja, milho, algodão e canola somam mais de 99%
destas culturas) são todas commodities de exportação, cuja produção se dá
em vastas extensões de monocultura. No Brasil os grandes fazendeiros têm
comprado terras no Cerrado e na Amazônia, ampliando a fronteira agrícola
para o plantio de soja.

A propaganda da Monsanto insinua ainda que os transgênicos proporcionariam
"alimentos mais nutritivos e as pessoas com mais saúde".

Sobre isso é fundamental ter claro que os alimentos transgênicos ainda não
foram devidamente avaliados quanto à sua segurança para a saúde dos
consumidores em nenhum país do mundo (Roig e Arnáiz, 2000).

Como se não bastasse, a Monsanto está solicitando à Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária / Ministério da Saúde) o aumento em 50
vezes do Limite Máximo de Resíduo (LMR) de glifosato nos grãos de soja transgênica, o que poderá prejudicar os consumidores, uma vez que existem diversos estudos
demonstrando efeitos nocivos do glifosato à saúde (Walsh et al, 2000; Hardell e Eriksson, 1999; Oliva et al, 2001).

A Monsanto vem se recusando a realizar o Estudo de Impacto Ambiental da
soja transgênica no Brasil desde 1998, quando a Justiça brasileira
condicionou a lib eração deste produto à realização do Estudo..

No mesmo sentido, a Monsanto vem lutando contra a implementação de regras
de rotulagem plena dos alimentos transgê nicos, o que permitiria aos consumidores exercer o direito à informação e o direito à escolha.

Se a Monsanto tem tanta certeza da segurança de seus produtos transgênicos
para a saúde e o meio ambiente, por que se recusa a realizar os estudos de
impacto e as avaliações de risco? Por que vem tentando burlar -- e mudar --
as leis brasileiras para liberar seus produtos sem qualquer avaliação?

Se o interesse da Monsanto é ""demonstrar" ao grande público a segurança de
seus produtos, a realização dos estudos exigidos pela legislação brasileira
seria bem mais eficiente do que a veiculação da campanha publicitária
produzida. Não seria mais responsável investir na realização das avaliações
de riscos os R$ 6 milhões gastos em propaganda?

Por último, mas não menos importante, apresentamos nosso r epúdio e espanto
pelas imagens apresentadas na publicidade com mães grávidas e crianças, sob
música de fundo dizendo "que mundo maravilhoso" (What a wonderful world),
induzindo a idéia de que os transgênicos são seguros e mais nutritivos,
enquanto Estudos da Royal Society do Reino Unido em 2002 recomendaram ao
governo inglês especial atenção aos alimentos transgênicos destinados à
alimentação infantil ou de nutrizes, pelos riscos que podem representar.

Seus autores chegaram a declarar que "bebês amamentados por mamadeira podem
ficar subnutridos se alimentados com fórmulas infantis geneticamente modificadas em função da inadequação de regulamentação e regime de testes para alimentos transgênicos" (Daily Telegraph, 05/02/02 e The Independent, 04/02/02).

Além de enganosa, a publicidade da Monsanto faz propaganda de produtos
proibidos no País. Apesar de as medidas provisórias 113 (convertida na Lei
10.688) e 131 terem autorizado, respectivamente, a co mercialização e
plantio de soja transgênica obtida e cultivada ilegalmente no País, a venda
de sementes transgênicas continua proibida pela Justiça.

A Lei nº 8.078/90 -- Código de Defesa do Consumidor (CDC) -- assegura como
direitos básicos do consumidor a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, bem como a efetiva prevenção de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos (art. 6º, III e IV).

Além disso, o CDC considera enganosa qualquer modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário capaz de induzir em erro o consumidor a
respeito da natureza, características, qualidade, propriedades, origem e
quaisquer outros dados sobre produtos ou quando deixa de informar dado
essencial do produto (art. 37 §§ 1º e 3º).

Assim sendo, espera-se que o Ministério Público, o Ministério da Justiça e
o Poder Judiciário brasileiro tomem as providências cabíveis para suspender
imediatamente a veiculação da campanha publicitária da Mo nsanto e para
garantir que a empresa se obrigue a financiar a veiculação de contrapropaganda em igual duração, número de exibições e horários, visando a esclarecer a população brasileira quanto à veracidade dos fatos acerca dos produtos transgênicos.

Referências:
BENBROOK, C.M. Impacts of Genetically Engineered Crops on Pesticide Use in the United States: The First Eight Years. BioTech InfoNet Technical Paper Number 6. November 2003.

____________. Troubled times amid commercial succes for Roundup Ready soybeans Glyphosate efficacy is slipping and unstable transgene expression erodes plant defenses and yields. AgBioTech InfoNet technical paper no. 4, 3 May, 2001a.

____________. When does it pay to plant Bt corn: farm level economic
impacts of Bt corn 1996-2001. www.iatp.org

ELMORE, R.W. et al. Glyphosate-resistant soybean cultivar yields c ompared
with sister lines. Agronomy Journal, 93: 408-412, 2001.

FULTON, M.; KEYOWSKI, L. The producer benefits of herbicide-resistant
canola. AgBioForum, vol. 2, no.2, 1999. (www.agbioforum.missouri.edu).

HANSEN, L. e OBRYCKI, J., Non-target effects of Bt corn pollen on the Monarch butterfly (Lepidoptera: Danaidae), abstract of a poster presented at the North Central Branch meeting of the Entomological Society of America, March 29, 1999 (www.ent.iastate.edu/entsoc/ncb99/prog/abs/d81.html ).

HARDELL, L. & ERIKSSON, M. A Case-Control Study of Non-Hodgkin Lymphoma and
Exposure to Pesticides. Cancer, v. 85, n.6, 1999.

LOSEY, J. et al. Transgenic pollen harms monarch larvae. Nature 399: 214,
May 20, 1999.

OLIVA, A.; SPIR A, A.; MULTIGNER, L. Contribution of environmental factors
to the risk of male infertility. Human Reproduction, v.16, n.8, p.1768-1776, 2001.

IBAMA: Relatórios de consumo de ingredientes ativos de agrotóxicos e afins
no Brasil anos 1998 a 2001/DF. Março de 2003.

ROIG, J. L. D. & ARNÁIZ, M. G. Riesgos sobre la salud de los alimentos modificados genéticamente: una revisión bibliográfica. Revista Española de Salud Pública, vol.74 n.3 Madrid May/June 2000.

SHOEMAKER, R. (Ed.) Economic issues in agricultural biotechnology.
Agricultural Information Bulletin, no. 762 , Economic Research Service of the USDA, 2001.

WALSH, L.O., MCCORMICK, C., MARTIN, C., STOCCO, D.M. "Roundup Inhibits
Steroidogenesis by Disrupting Steroidogenic Acute Regulatory (StAR) Protein
Expression". Environ Health Perspectives, v.108, p.769-776, 2000.

segunda-feira, dezembro 01, 2003

Para os nacionalistas uma historinha...

Histórias sobre a bandeira do Brasil

Agência Informes e redação, 20 de novembro, 2003
O deputado Chico Alencar (PT-RJ) apresenta ao Ministério da Educação nesta quarta-feira, Dia da Bandeira, sugestão para que sejam divulgadas, em toda a rede escolar do país, informações sobre a bandeira brasileira, "nosso símbolo nacional mais conhecido, que completa 114 anos", lembra Alencar, professor de história.

Entre as curiosidades em torno da bandeira está o significado das cores. "As básicas, o verde e o amarelo, vêm desde o tempo do Império e foram sugeridas pelo pintor francês Debret", explica o deputado, que apresentou projeto de lei para incluir a palavra "amor" antes de "ordem e progresso" na faixa branca - que simboliza a paz.

Outro detalhe pitoresco, citado por Alencar, refere-se à primeira bandeira da República brasileira, cópia em verde e amarelo da bandeira norte-americana: durou apenas do dia 15 ao dia 19 de novembro de 1889. O destino das bandeiras nacionais rotas, decidido em solenidades anuais de incineração em 19 de novembro, também deveria ser ensinado, defende o petista.

"A proposta que faço ao MEC, de cunho pedagógico, está dentro da orientação geral do governo Lula, de recuperar a auto-estima nacional", afirma Chico Alencar. Para ele, é preciso superar a pouca atenção em relação à bandeira entre nós, "ao contrário do que ocorre em muitos outros países, como Cuba, México e Estados Unidos".

Leia pronunciamento do deputado

O amor por princípio
Falo aqui, neste 19 de novembro, de amor à Bandeira e do "Amor" na nossa Bandeira. Isso tem a ver com o espírito humano, com nossa capacidade singular de criar símbolos, signos, significados.

Aqui, quase todos mantemos aquela curiosidade de criança, ao olhar as 193 diferentes bandeiras dos países, da auri-verde-rubro-negra do Zimbábue à alvi-marron do Qatar. Estes símbolos são bonitos porque resumem, em cores e desenhos, onde há muitas estrelas, luas, sóis, pássaros e árvores, os valores e a história de cada nação.

Bandeiras afirmam pátrias e soberanias. Por isso, no Brasil, o pavilhão de outro país só pode ser hasteado, fora de embaixadas e consulados, tendo ao seu lado direito o nosso, em posição mais elevada e do mesmo tamanho. Bandeira rasgada não pode virar pano de chão. Ela deve ser entregue a uma unidade militar e solenemente incinerada no 19 de novembro.

Bandeira é identidade coletiva de cada cidadão. Há países, como Cuba, México e EUA, só para ficar na América, que estimulam a colocação dela em cada moradia e não apenas em repartições públicas. No Brasil este saudável hábito ainda não chegou, a não ser em época de Copa do Mundo...

A bandeira brasileira nem sempre foi esta. O pintor francês Debret, em 1822, sugeriu o verde e o amarelo, por representarem as famílias de Bragança e Habsburgo, do casal imperial, mas também certamente impressionado com as vivas tonalidades da natureza tropical. As cores básicas continuam até hoje, lembrando nossas matas, crescentemente derrubadas, e nosso rico solo, tão cobiçado, ou mesmo o generoso sol tropical, cuja energia é mal aproveitada.

Com a Proclamação da República, durante quatro dias a bandeira brasileira foi cópia da norte-americana, numa espécie de seqüestro da nossa criatividade artística. Felizmente, o trabalho conjunto de Teixeira Mendes, Miguel Lemos e do desenhista Décio Vilares resultou, há 114 anos, no "lindo pendão da esperança" que todos respeitamos.

Ali estão o azul do céu, que a poluição atmosférica nem sempre deixa ver, as estrelas representando os estados, dispostas como eram vistas no Rio de Janeiro, naquele novembro do final do século XIX, e os dizeres "Ordem e Progresso" na faixa branca, da almejada paz. Aliás, além da nossa, só a bandeira da Arábia Saudita tem um dístico ("Só há um Deus e Maomé, seu profeta"), pois este símbolo é essencialmente visual, pictórico, sensitivo. Pena que nesses 114 anos de existência do lema os donos do poder tenham reservado, em geral, ordem para os de baixo e progresso só para os de cima...

Mas a frase está incompleta. O resumo do ideal positivista de Augusto Comte, que inspirava os republicanos, é "o amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim". Por isso, muitos brasileiros querem acrescentar a esquecida (logo ela!) palavra AMOR na nossa bandeira. Apresentei projeto com esta finalidade. Seria uma dica para colocarmos mais fraternidade e solidariedade no cotidiano dos brasileiros, além de reparação do lema histórico. Poetas e músicos como Olavo Bilac e Francisco Braga, foram mais inspirados: no seu belo Hino à Bandeira há justiça, paz e amor, mas não ordem ou progresso, que só são mesmo rima e solução junto a outras expressões... Dê bandeira, patrício e patrícia: ame!